O Papel do Território
O professor Fernandes, Bernardo Marçano no seu artigo sobre " Sobre a Tipologia de Territórios apresenta uma tipologia de modo a estabelecer uma leitura da diversidade territorial que produz a multiterritorialidade. A produção espacial e territorial por meio das relações sociais fazem parte da estrutura da sua leitura.
O autor aborda a questão do território ser uma das categorias de analise da geografia e de relevância que o conceito de território tomou por diversas ciências que se ocupam com os processos de produção do espaço e faz uma citação de Milton Santos
Ele utiliza o argumento : “não há como definir o indivíduo, o grupo, a comunidade, a sociedade sem ao mesmo inseri-los num determinado contexto geográfico, ‘territorial’” (HAESBAERT, 2004, p.20) para o uso cada vez mais amplo do conceito de território.
O autor propõe uma compreensão do território sobre a tipologia de territórios partindo do território como espaço de governança
A tipologia dos territórios proposto pelo autor propõe reconhecer outros tipos de territórios além do território de governança: físicos e fluxos, material e imaterial, formados pelas diferentes relações sociais e classes sociais.
Ele deixa lacro no texto a diferença entre território e multiterritorialidade, são objetos diferentes. A territorialidades são as representações dos tipos de uso dos territórios.
O desafio segundo Fernandes, é compreender como as diferenciações da produção espacial e territorial são organizadas e reproduzidas por quais relações e classes sociais. As relações e classes sociais produzem diferentes territórios e espaços que reproduzem em permanente conflitualidade por isto o autor em sua analise compreende ser importante uso de uma tipologia de território.
O conceito de território esta sendo utilizada principalmente para se referir aos espaços de governança municipal: Territórios de cidadania, microrregião; escalas transnacional ( Territórios de diversos países) e os Transterritórios (territórios nacionais).
O território é utilizado como conceito central na implantação de politicas publicas e privadas, nos campos, nas cidades, nas florestas, pelas transnacionais, governos e movimentos socioterritóriais.
O autor nos faz refletir quanto ao que estar por trás desse movimento territorial quando faz a pergunta: Em que contexto estão acontecendo as politicas e as disputas territórias.?
Estas politicas formam diferentes modelos de desenvolvimento que causam impactos socioterritoriais e criam formas de resistência, produzindo constantes conflitualidades.
A ideia de pensar os tipos de territórios nasceu das pesquisas de campo do autor da sua interlocução com os outros cientistas, do dialogo com seus orientados e da leitura de diversas obras.
O que chamau atenção do autor foi o fato do territorio ser majoritamente compreendido como espaço de governança, existiam diversas formas de conflitualidades que não estavam relacionadas necessariamente com os espaços de governanças.
Na proposição apresentado o autor propõe duas formas de território: material e imaterial.
Os territórios matérias são fixo e fluxo e cita Santos (1978,1996) que trabalhou com essas referencias, discutindo os elementos do espaço e território. E reafirma no texto que compreende o espaço de governança como território da nação, gerador da multiterritorialidade por conter todos os outros tipos de território.
O primeiro território é o espaço de governança da nação. É o ponto de partida da existência das pessoas organizadas em diversas escalas instanciais. As propriedades também são frações do primeiro território, mas compõe o segundo território. A relação entre o primeiro e segundo território é intrínsica.
Como segundo Território: ele coloca nossa casa como ponto de partida para a compreensão de propriedade , refere-se a propriedade como espaço de vida, que pode ser particular ou comunitária.
O segundo território são frações do primeiro, mas se diferenciam porque as relações sociais que os produzem são diferentes.
Os territórios recoloca a questão das classes sócias. Os sujeitos produzem seus próprios territórios e a destruição destes territórios significa o fim desses sujeitos.
O terceiro território é o espaço relacional considerado a partir de suas conflitualidades e reúne todos os tipos de territórios. O terceiro território está relacionado às formas de uso dos territórios, portanto às suas territorialidades. O autor alerta que é importante não confundir o terceiro território com a produção de sua territorialidade. Esta é a representação das formas de uso dos territórios.O terceiro território nos atinge em todas as escalas e está cada vez mais presente em nosso cotidiano citando a questão do território do narcotráfico
O território imaterial está relacionado com o controle, o domínio sobre o processo de construção do conhecimento e suas interpretações.O processo de construção do conhecimento é, também, uma disputa territorial que acontece no desenvolvimento dos paradigmas ou correntes teóricas.
A produção material não se realiza por si, mas na relação direta com a produção imaterial. Igualmente, a produção imaterial só tem sentido na realização e compreensão da produção imaterial. Essas produções são construídas nas formações sociais parciais e socioterritóriais. Os territórios materiais são produzidos por territórios imateriais.
O autor em suas considerações finais propõe o debate sobre a interpretação das realidades e seus territórios. A tipologia de territórios aqui apresentada está organizada em duas formas, três ordens e três tipos de território.entendendo os territórios como espaços de governança, como propriedades e como espaço relacional.evitando-se, assim, que se fale de disputa territorial sem se definir o que é
território.
Silvana Barra
Fonte:FERNANDES, Bernado Mançano, SOBRE A TIPOLOGIA DE TERRITÓRIOS
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